O curso tem como objetivo apresentar e discutir conteúdos fundamentais para uma análise e interpretação crítica da realidade social brasileira. Organizado em duas partes, o curso propõe colocar em questão a produção intelectual hegemonizada no pensamento social brasileiro e reproduzida cotidianamente pelas instituições e veículos de mídia, assim como apresentar conteúdos fundamentais para uma ciência social alternativa e crítica. Ao longo do curso pretendemos identificar os pressupostos que constituem a teoria social brasileira hegemônica; entender como as ideias são fundamentais para a formação, manutenção e reprodução dos privilégios, das classes e da própria organização da sociedade; assimilar as principais ideias dos autores consagrados da ciência social brasileira; desenvolver ferramentas para a construção de uma ciência social alternativa e efetivamente crítica.
O que você vai aprender
- Os impactos e a inovação da ciência social de Weber;
- A definição de sociologia empregada por Weber;
- A análise das origens e especificidades do racionalismo ocidental;
- A recepção da teoria weberiana por intelectuais brasileiros
- O papel fundamental do conteúdo produzido por Gilberto Freyre para pensar o Brasil;
- Discutir o caráter ambíguo da interpretação freyriana do Brasil;
- Compreender como Freyre articula raça e cultura;
- Expor as bases de constituição de um tipo de ciência que reproduz e legitima teorias e estruturas racistas;
- O processo de invenção da identidade nacional vira-lata brasileira a partir da produção teórica de Sérgio Buarque de Holanda;
- Os problemas das noções de “cordialidade” e “homem cordial”;
- As implicações e desdobramentos do “homem cordial” para a compreensão das relações políticas e sociais brasileiras;
- Compreender as condições e conflitos que tornam possível a ampla aceitação da produção teórica de Sérgio Buarque de Holanda;
- - Como as idealizações jogam um papel fundamental na falsa crítica social hegemonizada na produção intelectual brasileira e reproduzida nas instituições cotidianamente;
- Colocar em questão o conceito de patrimonialismo, tanto em Weber como sua recepção por Faoro e, em consequência, outros intelectuais brasileiros;
- Compreender as insuficiências da reconstrução histórica que Faoro desenvolve para sustentar o problema do patrimonialismo;
- As implicações da recepção da noção de patrimonialismo desenvolvida por Faoro para a redução da corrupção ao Estado e a idealização do Mercado;
- Discutir a eficácia das produções teóricas no debate público e nas compreensões de mundo que se consolidam na reprodução social por meio das instituições;
- Como Roberto DaMatta constrói sua teoria, articulada com as produções teóricas apresentadas nas aulas anteriores, mas em uma conjuntura e contexto histórico distinto;
- Explorar os pressupostos problemáticos que invisibilizam a reprodução da teoria elitista conservadora brasileira na articulação entre as noções do papel individual moderno e o das relações pessoais;
- Os conteúdos que demonstram a superioridade científica de Florestan Fernandes em relação às produções teóricas hegemônicas e dominantes em nossa sociedade brasileira;
- Analisar como os processos de formação, socialização e reprodução social são ponto de partida para compreender a realidade brasileira como fundamentalmente moderna – ao contrário do proposto pela tradição intelectual hegemonizada no Brasil;
- O papel da análise do funcionamento e impactos das instituições na nossa constituição enquanto sujeitos e nas formas de nossas relações sociais;
- O que significa tomar a escravidão como instituição fundamental para a formação da sociedade brasileira;
- Entender o papel da ciência social brasileira hegemônica em legitimar o racismo e justificar um tipo de moralismo que cumpre um papel de dominação;
- Explicitar como o conteúdo reproduzido na intelectualidade brasileira municia um tipo de pensamento pseudo-crítico que beneficia a elite brasileira e cumpre um determinado papel na luta de classes;
- Compreender a construção dos indivíduos por meio de instituições e em que isso implica na nossa compreensão da realidade brasileira;
- Analisar as implicações de reconstruir a formação do Brasil a partir da instituição da escravidão, sua manutenção, permanência e como é legitimada;
- Como o tema das classes sociais é invisibilizado para a reprodução da desigualdade e justificar a dominação de uma classe sobre outra;
- Entender como a redução da compreensão das classes sociais às faixas de renda impede a compreensão científica das dinâmicas sociais;
- Os principais conteúdos para se compreender como as classes sociais se reproduzem;
- Compreender a formação da classe sub proletária e sua relação com a classe média privilegiada articuladas com suas composições raciais;
- Discutir como o discurso abertamente racista foi historicamente limitado e teoricamente transformado em uma ideologia moralista;
- Compreender como o racismo encoberto com a ideologia moralista blinda um bloco antipopular composto pela elite e pela classe média branca;
- Explicitar como o racismo se mantém, estrutura e legitima a reprodução das classes sociais e das relações de dominação de umas classes sobre outras;
- Entender a origem da identidade nacional a partir das transformações e perda de eficácia das grandes religiões na legitimação e justificação das relações sociais e sua reprodução;
- Discutir a importância da identidade nacional como vínculo cognitivo e afetivo que amalgama as relações sociais em um determinado Estado-nação;
- Compreender a singularidade dos processos de construção da identidade nacional brasileira a partir de 1933 e o desenvolvimento da autocompreensão negativa que se hegemoniza;
Conheça seu professor
Jessé Souza
Graduado em Direito e mestre em Sociologia pela Universidade de Brasília, doutor em Sociologia pela Universidade de Heidelberg (Alemanha). Pós-doutorado em Psicanálise e Filosofia na The New School of Social Research (Nova York). É autor de mais de 20 livros, de artigos e ensaios em vários idiomas. Entre suas principais obras se destacam A classe média no espelho; A tolice da inteligência brasileira, A radiografia do golpe e Subcidadania brasileira; Ralé brasileira e Como o racismo criou o Brasil. Jesse Souza foi presidente do IPEA. Atualmente é professor titular de sociologia na Universidade Federal do ABC – UFABC.
Para quem é indicado
Para quem busca aprender instrumentos para uma melhor compreensão do mundo que nos cerca, e em especial, das diversas redes sociais que se formam em torno de nós.
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