Este curso propõe compreender a infância integrada ao sistema socioecológico, oportunizando um modo de existir cooperativo e altruísta e, por consequência, fomentando a noção de biofilia. Atenção, conexão e presença são aspectos solicitados neste curso, para chegar a esse objetivo, junto das crianças. A partir de perspectivas filosóficas, pedagógicas, antropológicas, entre outras cosmovisões, vamos pensando em novos modos de existir com as crianças, oportunizando relações de cuidado, cooperação e alianças entre humanos e não-humanos, promovendo encontros com as plantas, os bichos, a água, o dia, a noite, e agindo no desenvolvimento biopsicossocial da criança. São práticas de viver juntos e nos mantermos dignos no mundo, estudando, pesquisando, brincando, inventando com as crianças, em suas diferentes realidades. As relações de cuidado e atenção se estendem, então, para todos os espaços e meios. Escutamos as crianças e levamos o que dizem a sério. Oferecemos experiências e oportunidades de viver no meio ambiente com o objetivo de cultivar, coletivamente, um amor à vida e suas manifestações plurais. Criamos situações práticas onde experimentamos juntos aproximações, conexões e a interdependência entre seres vivos e não vivos, humanos e não-humanos, paisagens, elementos, transformações, fenômenos da natureza: apresentamos o mundo que habitamos em sua riqueza e complexidade. Isso implica uma educação que resiste em seguir os objetivos, currículos, estruturas e relações empobrecidas de mundos. Criamos, assim, possibilidades de conduzir as crianças, e suas infâncias, a viver em comunidade, com gestos e práticas de cuidado e proteção na nossa grande casa, Gaia.
O que você vai aprender
- O Curso inicia com uma aula envolvendo uma problematização inicial com o público, a fim de observarmos e pensarmos sobre as muitas realidades das infâncias existentes no nosso território brasileiro. Quais os modos de vida infantis que predominam hoje? Quais os efeitos cognitivos e corporais da pandemia Covid-19 nas crianças? Com quem e como vivem?
- Um cenário se apresenta no contexto parental de grande parte de nossas infâncias: falta de tempo, ausência de cuidado, a rotina da urgência, a presença excessiva de tecnologias, urbanização que não oferece espaços e propostas às crianças, precarização das relações, problemas sociais (fome, pobreza, violência) são alguns pontos de discussões que surgem para visualizarmos o cenário infantil o qual desejamos evocar, fazer pensar e sensibilizar, provocando nascimentos de mundos e infâncias. Necessitamos construir espaços comunitários de viver e estar juntos, um compromisso tribal que fomentamos para desenvolvermos as crianças junto às suas comunidades e realidades, genuinamente cuidadas, respeitadas e aceitas.
- Para educarmos as crianças, é necessário encontrar um devir-criança em nós, capaz de nos colocar em condição de maravilhamento ao estarmos vivos e vivas, e ao sentir a existência como uma criança. Essa aula se resume em trazer algumas perspectivas filosóficas e educacionais àqueles que trabalham e convivem com crianças, com a finalidade de encontrarem, e sobretudo lapidarem em si mesmos/as, qualidades como atenção, interesse, curiosidade e alegria pelo mundo que habitam.
- O objetivo é fazer pensar, independente das realidades – contextos e especificidades das crianças – o fomento à construção de modos de viver onde pais, educadores, cuidadores aprendam e sintam prazer em liberar tempo para estar com as crianças, inteiros, presentes, propondo desafios, brincadeiras, jogos, experimentações, pinturas, escritas, desenhos, cantos, focando no existir das crianças e não perdendo de vista os interesses e curiosidades próprios e legítimos das mesmas.
- Uma aula para compreender como as crianças compreendem e leem o mundo. Incentiva uma educação da brincadeira, da descoberta de mundos e seres, da curiosidade aflorada, da alegria e da arte. Escutar as crianças e levar suas perguntas a sério, mas também o seu modo de criar palavras, de construir linguagens e narrativas, em relação a si mesmas e aos adultos. Iremos adentrar por perspectivas que mostram o corpo e a mente das crianças, e seu potencial de conhecer o meio em que vivem através do jogo, do afeto, da experimentação e da brincadeira, visando o desenvolvimento biopsicossocial das mesmas.
- O convite desta aula é nos encontrarmos com uma perspectiva decolonial de educação, a qual desinveste numa formação com fins capitalistas e neoliberais – os quais induzem à gestos e atos competitivos, individualistas, predatórios, acumulativos, consumistas, depreciativos – para fomentar uma educação do pertencimento, da empatia, do prazer em viver juntos, solidariedade e cuidado com o mundo. Provocações ético-estético-políticas que dão a pensar sobre que tipo de mundo desejamos fazer nascer junto das crianças, oferecendo a elas condições de viver um modo de estar junto mais atento, curioso e protetor dos seres humanos e não-humanos, dos processos da natureza e da vida em comunidade. Que educador desejamos ser? O que desejamos criar com as crianças? Temos oferecido nossa presença, alegria e nosso tempo a elas? É sobretudo um viver e educar com as crianças e não somente sobre elas.
- O conceito de Biofilia é descrito pela condição humana que faz as pessoas se sentirem afiliadas à natureza e que induz à busca de relação com os demais seres vivos e processos naturais (WILSON, 1984). Se desejamos educar as crianças para que se relacionem com a vida, em todas as suas formas e manifestações, e que cuidem-protejam a si mesmas e aos outros, necessitamos investir numa noção de meio ambiente inclusivo. Criar modos de vida de sensibilidade e atenção ao meio que vivemos, em nossa vida cotidiana - espaço urbano, rural, periférico, escolar, praças, praias, etc -, buscando, como as crianças já o fazem, o ambiente natural e seus processos: a terra, as águas, os astros, a areia, o barro, as árvores, o vento, as marés.
- O ambiente que vivemos envolve condições favoráveis para uma automontagem do organismo, promovendo uma relação em que natureza, percepção e cultura andam juntos, tornando-nos habilidosos a viver no mundo.
- Para ativar nossa condição biofílica no mundo, a proposta é incentivarmos a construção de circunstâncias, entre adultos e crianças, onde possamos experimentar com bichos e plantas, conhecendo-nos mutuamente em nossas relações ecológicas. Instalar convites aos educadores e cuidadores a serem agentes que promovam esse olhar de cuidado e atenção a estes modos de existências, de escuta à terra. O que nos aproxima dos bichos? O que aprendemos ao viver junto com as plantas? Incentivo a entrar em contato com comunidades de animais e plantas, esses companheiros não-humanos, em suas próprias organizações e especificidades, observando-os, aprendendo a lê-los, desenvolvendo uma educação ecológica, profunda e conectada ao mundo da vida.
- Para ativar nossa condição biofílica no mundo, a proposta é incentivarmos a construirmos circunstâncias onde desenvolvemos, entre adultos e crianças, uma percepção cinestésica, visual, háptica com o mundo e para o mundo. Reconhecer rios, montanhas, céu, rochas, dia e a noite como algo que nos inspira, nos desafia, nos dizem coisas e, por isso, nos ensinam. Ir em direção a esses elementos, vivenciando com elas o contato com os mesmos, correndo riscos, caminhando, cheirando, vendo, tocando, observando, testando, atentando, produzindo narrativas, criando situações e lendo sinais dos fenômenos da natureza, em comunhão com as crianças. Aprender a ler o mundo junto delas, tornando-nos coletivamente capazes de responder ao mundo e, assim, de protegê-lo.
- Qual a nossa relação com o fazer diário de nossas atividades? Incluímos as crianças nestas rotinas-ofícios-fazeres, com as ferramentas e instrumentos que usamos, observando e seguindo o fluxo dos materiais e suas transformações, trazendo as coisas cotidianas à vida? O movimento segue pensar em proposições que ensinem modos de viver juntos e presente com as crianças, instalando um aprender mergulhado na vida mesma: nas rotinas da casa, ao fazer comida, experimentar alimentos, ao contar histórias, na realização de fazeres cotidianos, de partilha e de viver no comum, junto aos processos e transformações que envolvem esses fazeres.
- Desnormalizar os processos de industrialização e compreender com as crianças os processos que envolvem, por exemplo, a produção de materiais de uso doméstico, ou os alimentos que comemos e preparamos (de onde vem, que cor e consistência têm, quem os produz, para onde vão?). Como a escola também pode proporcionar esses movimentos e experiências com as crianças? Isso possibilita reencontrar uma ética com a nossa teia de relações, fomentando a aprendizagem do uníssono afetivo entre cultura e natureza.
- Sugestões de materiais, com diferentes narrativas, que fomentem pais e educadores a trabalhar conexões biofílicas-ecológicas, exploradas no curso, e alinhados à perspectiva de uma infância não comprometida pelos modos de vida atuais, antropocêntricos e adultocêntricos.
- Documentários: Waapa , Tarja Branca e O Começo da vida Literatura Infantil e poesia: Eloísa e os bichos -Jairo Buitrago (Autor), Rafael Yockteng (Ilustrador); Um dia, um rio - Leo Cunha (Autor), André Neves (Ilustrador); Meu corpo, meu corpinho!, de Roseli Mendonça; A árvore generosa, por Shel Silverstein; Sou indígena e sou criança, de Cesar Obeid; Pé-de-bicho, de Marcia Leite e João Caré; Foi vovó que disse (e todas as outras obras do escritor Daniel Munduruku).
- Nosso curso se encerra com a prática de uma roda de conversa aberta e interessada na condução de produzir um espaço de escuta acolhedora para perguntas, comentários, críticas e sugestões, relativo à infância, a educação e meio ambiente. Problematizações serão necessárias: que direções de futuro nós temos? Como produzir coletivos para pressionar políticas públicas inclusivas, de uma infância livre? Qual nosso papel nisso tudo, enquanto sujeito ativo, educador e cuidador das infâncias e da Terra?
Conheça sua professora
Alice Copetti Dalmaso
Licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), com Mestrado e Doutorado em Educação pela mesma instituição. Realizou pós-Doutorado na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), através do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo do Núcleo de Desenvolvimento da Criatividade LABJOR/NUDECRI. Pesquisa sobre criações de processos de escrita e leitura, bem como de estratégias de educação em Ciências da Natureza para crianças, visando uma formação atenta, cuidadosa e protetora com e para o mundo.
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