O curso apresenta 13 livros fundamentais para a compreensão da história e da sociedade brasileira. Com efeito, a partir de leituras comentadas, os professores Lindener Pareto e Suze Piza irão debater as grandes questões que marcam a cultura nacional. Movimento Negro, História das Mulheres, A questão Indígena e tantos outros temas da vida brasileira a partir de grandes clássicos como Euclides da Cunha, Carolina Maria de Jesus e Jese Souza. Ao mesmo tempo, o curso apresenta uma proposta de leitura pública, incentivando a participação do público e celebrando a construção coletiva da leitura crítica.
O que você vai aprender
- Um Brasil pode ser lido na mensagem de um xamã yanomami que, a partir de sua morada amazônica apresenta uma cosmologia, histórias de vida de grande riqueza, uma etnografia do mundo dos brancos e a denúncia acusatória de destruição de todo o mundo que conhecemos, algo que vai muito além da destruição do meio ambiente.
- KOPENAWA, Davi. ALBERT, Bruce. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami, São Paulo: Companhia das letras, 2010.
- O Trato dos Viventes enfrenta o desafio epistemológico de pensar o Brasil por dentro e não como prolongamento da Europa. Sem fazer uma história comparativa das colônias portuguesas no Atlântico, em um texto com forte densidade teórica fruto de reflexões com ampla base documental, Luiz Felipe Alencastro defende a tese de que os enclaves portugueses na América e na África “se complementam num só sistema de exploração colonial”. A tese permite repensar a formação do Brasil fora do olhar simplista da dominação Norte-Sul e das lutas só no interior da colônia. O historiador dá um novo peso às expedições luso-brasílicas que partem do Brasil para a África no século XVII em uma narrativa extremamente rica.
- ALENCASTRO, Luiz Felipe. O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
- “Liberdade” faz parte das Obras Completas de Luiz Gama, advogado negro e abolicionista. Grande parte dos textos ficou esquecida por quase dois séculos após suas publicações em jornais da época e foi recuperada pelo pesquisador Bruno Rodrigues de Lima, que passou nove anos localizando-os em arquivos da imprensa e do judiciário de todo o país. “Liberdade” registra o surgimento de um tipo de literatura de combate que exigia a imediata abolição da escravidão. Compreende o período de 1880 a 1882, último período da vida do escritor.
- GAMA, Luiz. Liberdade (1880-1882) organização Bruno Rodrigues de Lima, São Paulo: Editora Hedra, 2021.
- Escrito a partir do trabalho jornalístico de Euclides da Cunha sobre a rebelião de Canudos, Os sertões é considerada uma das obras mais importantes da literatura nacional. Ao narrar a violenta e exaustiva repressão sofrida pelo bando de Antônio Conselheiro, o autor narra também a formação do homem sertanejo. Os sertões denuncia os crimes cometidos por uma sociedade eurocêntrica, violenta, autoritária, desigual e excludente, além de desafiar qualquer resposta fácil para as questões sertanejas.
- CUNHA, Euclides. Os sertões. São Paulo: Penguin-Companhia, 2019.
- O retrato do cotidiano de uma mulher negra favelada nos leva para dentro do mundo popular e subalterno latinoamericano que tem como traço característico e distinto a vivência da opressão pela via racial e a experiência diária da fome. O texto de Carolina Maria de Jesus, escrito na forma de diário, relata as suas experiências com a miséria na cidade de São Paulo nos anos 50 e traz para o Brasil de hoje a sensação de um passado que não passa.
- JESUS, Carolina Maria. Quarto de despejo: diario de uma favelada. São Paulo: Editora Ática, 2016.
- O Brasil de Mario de Andrade revela a grande necessidade de pensarmos as questões de identidade forjadas pelo passado colonial do Brasil. Confrontando as representações eurocêntricas das terras registradas pelos relatos históricos dos viajantes europeus, é possível delinear com a obra Macunaíma nossas fronteiras discursivas e identitárias. O texto nos traz a brecha para pensar o movimento modernista da década de 1920 que pretendia tornar o Brasil uma nação com identidade e estéticas próprias, conquistando sua peculiaridade cultural e um lugar com todas as suas contradições.
- ANDRADE, Mario. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. Chapecó: Ed. UFFS, 2019.
- O romance Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, publicado em 1956, não permite qualquer classificação que o tente encaixar em um único universo teórico com o objetivo de compreendê-lo em sua totalidade e complexidade. Não é possível. É uma obra literária marcada pelos experimentalismos de linguagem, pelo regionalismo realista na representação do norte mineiro, pelo intimismo que resgata as memórias conflituosas de um jagunço. Um romance filosófico com as elucubrações de um sertanejo diante sua própria existência.
- ROSA, J. G. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
- Afinal, o que é “racismo”? Para o sociólogo, Jessé Souza, autor de grandes obras de interpretação do Brasil, parte dos estudos acadêmicos hoje apenas prova a existência do racismo, mas não o explica propriamente. São textos de constatação e não de reconstrução da gênese do racismo entre nós. Em obras anteriores, Jessé já alertava sobre as multifaces do racismo, apresentando, por exemplo, o racismo racial e o racismo de classe como dois de seus elementos, sendo o racismo de classe o núcleo central da construção das desigualdades em nosso país. Esse racismo de classe seria constituído por diversos elementos, para além da pura explicação econômica.
- SOUZA, Jessé. Como o racismo criou o Brasil, São Paulo: Editora Sextante, 2021.
- Obra fundamental para compreender o Brasil, a obra de Abdias expõe sua visão sobre o lugar do negro no imaginário brasileiro. A partir da obra é possível compreender os aspectos disparadores do genocídio, pois o autor apresenta críticas importantes a elementos que ajudaram na consolidação do racismo, como o mito da igualdade racial, reforçado nas obras de Gilberto Freyre, a responsabilidade das igrejas na disseminação da falsa ideia do senhor benevolente, a habilidade de tornar os processos negros mais brancos, o lugar em que a mulher negra é posta e, sobretudo, no uso do branqueamento como uma estratégia de genocídio dos negros.
- NASCIMENTO, Abdias. O Genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. São Paulo: Editora Perspectiva, 2016.
- As protagonistas negras dos contos, personagens profundas e dinâmicas construídas fora do escopo dos clichês machistas, superam obstáculos e situações complexas relacionadas com a condição da mulher afro-brasileira contemporânea (como a discriminação, a violência machista e/ou racista, a homofobia, o envelhecimento, a maternidade, a perda de um ente querido, etc.), desconstroem os estereótipos tradicionais impostos extrapolando gênero, raça, classe social e contextos e demonstrando seu carácter universal situado. Um livro para pensar a memória coletiva brasileira.
- EVARISTO, Conceição. Insubmissas lágrimas de mulheres, São Paulo: Malê, 2016.
- Quais os mitos que criaram o Brasil, que sustenta nossa identidade e a visão que temos de nós mesmos? Como o verde-amarelismo, símbolo máximo da classe dominante agrária brasileira, vai se travestindo ao longo do tempo e operando como compensação imaginária para toda a população? Como foram criadas e difundidas as imagens do Brasil com seu passado glorioso e futuro promissor que naturaliza a escravidão e constroem uma sociedade profundamente autoritária.
- CHAUÍ, Marilena. Brasil, Mito Fundador e sociedade autoritária. 4. ed. São Paulo: Fund. Perseu Abramo, 2001.
- O Brasil de Torto Arado é o país das permanências. As personagens mulheres, presença forte com suas vozes que vão se alternando e trazendo suas histórias de força, determinação, coragem, liberdade e também de múltiplas violências num contexto marcado por uma sociedade patriarcal e hierarquizada, onde a abolição da escravidão não fez nenhuma diferença.
- VIEIRA, Itamar. Jr. Torto Arado, São Paulo: Todavia, 2019.
- Um livro imprescindível de umas das maiores intérpretes do Brasil, Eliane Brum denuncia a escalada de devastação que leva a floresta aceleradamente ao ponto de não retorno. E vai mais além ao refletir sobre o impacto profundo das ações da minoria dominante que levaram o mundo ao colapso climático e à extinção em massa de espécies. Neste percurso às vezes fascinante, às vezes aterrador, a autora cruza com vários seres da floresta e mostra como raça, classe e gênero estão implicados no destino da Amazônia e da Terra.
- BRUM, Eliane. Banzeiro Okoto, São Paulo: Companhia das letras, 2021.
Conheça seus professores
Suze Piza e Lindener Pareto
Suze Piza é professora na UFABC nos cursos de Filosofia e Ciências Humanas. Atua no Programa de Pós-Graduação em Filosofia e no Programa de Economia Política Mundial. Foi pesquisadora de pós-doutorado e professora colaboradora no Departamento de Filosofia (IFCH) da UNICAMP entre 2015-2017. É doutora em Filosofia pela UNICAMP. Tem diversos artigos e livros publicados na área. É membra do Grupo de Pesquisa em Metafísica Contemporânea (UFRN) e da Rede de pesquisa africanidades (UFBA).
Lindener Pareto é Historiador, doutor pela USP, professor de História Contemporânea na PUC-Campinas e professor de História do Brasil no ICL.
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