Com a desintegração do Império Otomano após a 1a GG, estadistas como Churchill, Lloyd George, Wilson e Lênin passaram a ver o Oriente Médio com uma área de teste de suas visões de mundo. O que aconteceu um século depois na região que era considerada um remanso politico para os impérios? Uma série de eventos nessa região vem impactando as Relações Internacionais desde o início deste século: os ataques terroristas no dia 11 de setembro e as invasões militares dos EUA e a OTAN no Afeganistão, em 2001, e Iraque, em 2003; as revoltas árabes de 2011 e suas consequências, incluindo a ascensão do chamado Estado Islâmico (ISIS), as guerras civis na Líbia , Síria e Iêmen e uma crise de refugiados de enormes proporções. Estes acontecimentos provocaram a queda de regimes estabelecidos há muito tempo, causando uma profunda transformação social e política com impactos consideráveis na Política Internacional. Com o lançamento de uma nova guerra liderada pelos Estados Unidos no Iraque e na Síria contra o ISIS, a partir de 2014, as forças norte-americanas se engajaram em ações militares em, pelo menos, treze países do Grande Oriente Médio desde 1980. Daquela época até os dias atuais, todos os presidentes estadunidenses invadiram, ocuparam, bombardearam ou empreenderam uma guerra em, pelo menos, um país da região. O governo dos EUA gasta bilhões de dólares em construção e/ou manutenção de bases militares todos os anos na região. Mas, apesar disso os EUA não conseguiram derrubar o governo da Siria, o Iraque e a Libia continuam imersos em conflitos e se viram obrigados a admitir que deveriam terminar a mais longa guerra de sua historia no Afeganistão? Essas derrotas significam uma retração do Império?
O que você vai aprender
Com o fim da 1a Guerra Mundial e desintegração do Império Otomano, os Impérios francês e britânico entraram na região, as isso não ocorreu sem resistência. Um das consequências desse processo é a constituição dos Estados Nacionais, ate então inexistentes no Oriente Médio
Com o fim da 2a Guerra Mundial e a ascensão dos EUA enquanto grande potência, começa a intervir, direta ou indiretamente em toda a região do Grande Oriente Médio. Entre 1945 e 1960 o nacionalismo árabe ganha força em vários países, além do crescimento de organizações comunistas e socialistas resultando em revoluções e golpes de Estado.
Um das consequências do fortalecimento do nacionalismo árabe foi o confronto com Israel. O surgimento da OLP, a questão Palestina entra na agenda internacional
O Nacionalismo árabe deixou marcas na Libia, Egito, Siria e Iraque com novas lideranças e modelos econômicos desenvolvimentistas. Mas, é o momento de crise também com a vitória de Israel na Guerra de 1973. Entretanto, a crise econômica mundial provocada pela ação dos produtores de petróleo marcam um novo momento na Política internacional.
A revolução no Irã em 1979 foi um dos mais importantes divisores de agua na Política Internacional, em geral, e no Oriente Médio, em particular. Até então o Irã era o maior e o mais poderoso aliado dos EUA desde 1954 quando houve um golpe de Estado no pais. Com os xiitas no poder, o gov iraniano saiu fora dos padrões da Guerra Fria não se aliando a nenhum bloco, e nem se identificando com neutralismo.
A URSS invade o Afeganistão num conflito que dura 10 anos. A resistência afegã, apoiada pelos EUA, Arábia Saudita e Paquistão consegue derrotar os soviéticos que se retiram. Tem início a Guerra civil que culmina com a vitória do Talibã, marcando o apogeu do islamismo sunita.
Saddam Hussein invade o Kuwait. De forma inédita se estabeleceu o consenso entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança que autorizaram o uso de força militar por parte de uma coalizão internacional liderada pelos EUA. Esse acontecimento, somado ao fim da Guerra Fria fez com o presidente George Bush anunciasse de forma triunfal o início de uma Nova Ordem Mundial.
A crise do nacionalismo árabe e a presença militar marcante dos EUA na região alimentou o ressurgimento do islamismo radical resultando na formação de vários grupos que começaram a praticar atentados terroristas. Entre eles merece destaque o grupo Al Qaeda que nasceu nos escombros da Guerra do Afeganistão.
Pode-se dizer que o séc. XXI se iniciou com dois novos tipos de conflitos armados: os atentados terroristas do dia 11 de Setembro e a Guerra Global contra o Terrorismo. Uma das consequências dessa ação foi a ocupação militar do Afeganistão.
EUA e o Reino usaram todo o tipo de fraude para acusar o Iraque de uso de artefatos nucleares e apoio ao terrorismo para justificar uma ação militar de grandes proporções. Mais um pais na região foi objeto de uma ampla e intensa ocupação militar.
as revoltas árabes que se iniciaram, no final de 2010, na Tunísia e acabaram por atingir em maior ou menor grau todos os países árabes, do Norte da África até o Oriente Médio. Como esses acontecimentos foram avaliados pelos EUA em termos de ameaças e oportunidades?
Os antigos epicentros geopolíticos da região (Trípoli, Cairo, Damasco e Bagdá) passaram por diferentes tipos de transformações em decorrência da reação dos poderes regionais em conexão com as grandes potências: golpe de Estado (Egito), guerra civil com proxy war (Síria), guerra civil com ocupação internacional (Iraque) e guerra civil e intervenção militar da Otan na Líbia
Após as revoltas populares que levaram a uma forte repressão do governo sírio, teve inicio um das guerra civis mais violentas da história com o envolvimento vários atores estatais e não estatais que acabaram. Mas, foi a presença dos EUA e a Rússia casou um impacto, se assemelhando ao período da guerra fria devido às proxy wars.
O ISIS surge a partir da conexão entre movimentos jihadistas que atuavam nos conflitos armados na Siria e no Iraque. Como foi possível que esse grupo conseguisse ocupar e administrar um território equivalente à Jordânia, com cerca de oito milhões de pessoas? Como se pode explicar a ascensão desse novo ator numa complexa rede de conexões que envolve potências mundiais e regionais? Quais os impactos políticos, sociais e humanitários no xadrez geopolítico do Grande Oriente Médio?
Após duas décadas de ocupação militar com gastos de 2 trilhoes de dólares, centenas de milhares de mortos e feridos, milhões de refugiados, os EUA se retiraram do Afeganistão. Chegou ao fim aquela que foi considerada o exemplo de Guerra contra o Terror. Quais foram os motivos que levaram os EUA a esse empreendimento militar? Como foi possível o Taliban resistir ao Império? Quais os cenários possíveis?
Conheça seu professor
Reginaldo Nasser
Professor livre-docente de relações internacionais da PUC(SP), pesquisador em temas como Conflitos Internacionais, Colonialismo e Oriente Médio. Autor do livro: A Luta contra o Terrorismo - Os EUA e os amigo Talibãs.
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